A primeira vez que ouvi falar do AUVP11, confesso que torci o nariz. Mais um ETF querendo bater o mercado? Mais uma tese de “ações de valor” que vai virar estatística de fundo que perde pro Ibovespa? Era o que eu pensava. Até que parei pra olhar os dados e, mais importante, a lógica por trás da coisa.
Não vou tentar te convencer com fórmula mágica nem com storytelling de investidor iluminado. Vou explicar por que eu, depois de muita resistência, decidi colocar parte relevante da minha carteira nesse ETF.
O índice é simples, mas não é burro
O AUVP11 segue o IAFD, um índice que, diferente da maioria dos que existem no Brasil, não começa copiando o Ibovespa. Ele começa olhando pra todas as empresas da B3 e elimina logo de cara quem:
Não tem lucro recorrente há pelo menos 5 anos
Tem ROE abaixo de 10%
Margem líquida inferior a 8%
Está alavancada até o pescoço
Vive enrolando pra divulgar resultado ou está em recuperação judicial
Além disso, ele expulsa setores inteiros que têm histórico de destruir valor. Varejo, proteína animal, transporte aéreo. Isso sozinho já corta metade das armadilhas da bolsa brasileira.
A crítica da concentração
Sim, tem banco. Bastante. Mas não porque o índice ama bancos. É porque, nos últimos 10 anos, os bancos foram os únicos que passaram pelo filtro de qualidade, consistência e perenidade. Se um dia o Brasil amadurecer e outros setores entregarem isso, o índice se diversifica naturalmente.
Forçar diversificação artificial só pra ficar bonito no gráfico é marketing disfarçado de gestão. E eu prefiro performance real do que equilíbrio estético.
Mas e a taxa de 0,75%?
Boa pergunta. E a resposta é simples. Não é barato como ETF passivo, mas não é um ETF passivo. Ele exige curadoria, dados fundamentalistas atualizados, e segue regras rígidas de rebalanceamento anual.
Mesmo com a taxa, no backtest de 10 anos o AUVP11 ainda deu uma surra no Ibovespa. R$ 10 mil investidos em 2015 virariam cerca de R$ 37 mil. No Ibov, uns R$ 25 mil. E isso com menos drawdown e menos susto.
AUVP11 x IBOV

Da um pau em qualquer índice.
AUVP11 não distribui dividendos
Graças a Deus porque em breve com a lei do LULINHA, vamos começar a tributar, sem pagar vamos reinvestir automaticamente.
Não gira carteira à toa
O que mais me chamou atenção foi que o índice não fica girando carteira por hype. A empresa entrou porque melhorou fundamentos? Fica. Piorou? Sai. Mas não é o sobe-e-desce de trimestre que define isso. É consistência. Isso pra mim é o que mais se aproxima do que um investidor fundamentalista de verdade faz na prática.
E se tudo isso for só sorte?
Pode ser. Mas prefiro apostar em um índice que premia perenidade e consistência do que em carteiras que vivem tentando acertar o próximo foguete. Se der errado, errei por fazer o certo. E isso, pra mim, já vale.
Não sou garoto-propaganda da AUVP, nem ganho nada pra escrever isso. Só acredito que falta no Brasil um produto que represente o investidor de longo prazo de forma racional, prática e honesta. E hoje, o AUVP11 é o mais próximo disso.
Quem quiser glamour, que continue girando carteira atrás de small cap alavancada.
Eu sigo com os bons negócios, mesmo que pareçam entediantes.
E até agora, tem compensado.